domingo, 21 de abril de 2013

O amor é o melhor substituto da hostilidade


Atos 14 – A atmosfera hostil vivenciada pelos primeiros cristãos não foi motivo para desistirem, nem desanimarem. Antes, eles se fortaleciam e se encorajavam mutuamente.
Qual o segredo deles? O que fazia deles cristãos fortes, unidos e corajosos, apesar de tantas dificuldades?
1. A consciência de que Deus os dirigia – Sl. 145.9, 14 e Ap. 21.3: “O Senhor é bom para todos”; “O Senhor sustém os que vacilam e apruma todos os prostrados”; “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habita com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles”.
2. A mão de Deus nos guia e é Ele quem realiza todas as coisas em nós – Sl. 145.10, 11; Ap. 21.5: “Falarão da glória do teu reino e confessarão o teu poder, para que aos filhos dos homens se façam notórios os teus poderosos feitos e a glória da majestade do teu reino”; “Eis que faço novas todas as coisas”.
3. A porta está aberta a todos – Sl. 145.4, 6, 7; Ap. 21.4: “Uma geração anunciará os teus poderosos feitos a outra geração”; “Falar-se-á do poder dos teus feitos tremendos”; “divulgarão a memória da tua muita bondade”; “Deus lhes enxuga dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”
4. Eles tinham uma mensagem: “mostrar a todos que através de muitas tribulações, nos importa entrar no Reino de Deus” – At. 14.22

João 13.31 – nos conta que o próprio Jesus não desistiu nem desanimou de enfrentar as tribulações, antes Ele se manteve firme em Sua missão, porque trazia consigo o Reino de Deus, e este valia mais que suas próprias vidas, apesar de todas as adversidades.
Ele, também, tinha a consciência de que Deus O dirigia; a mão de Deus O guiava e era Ele quem realiza todas as coisas através dEle; que a porta está aberta a todos; e tinha uma mensagem: “assim como eu vos amei, amem uns aos outros. Nisto conhecerão, todos, que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”
Os feitos do Senhor devem ser nossa maior atenção;
A memória da Sua muita bondade é a nossa força;
E, ainda que vacilemos Ele nos sustenta, ainda que fiquemos prostrados, Ele nos apruma, nos põe de pé.
        
Quantas vezes já passamos por isso? Mas, temos que passar para outras pessoas esta experiência. Se não passamos é porque talvez estejamos insatisfeitos com o que Ele nos faz.
         A hostilidade não é impedimento para nos amarmos.
         O amor é o melhor substituto da hostilidade.

A cada dia que passa aumenta a “tentação de manter contato imediato e ininterrupto com a vida lá fora, para saber notícias de todos os cantos. (...) (é) sempre mais importante o lugar onde não se está. (...) dificuldade de as pessoas viverem a solidão, o recolhimento (...)”
         “Os meios de comunicação estão a penetrar cada instante da vida, passando a ser difícil se manter alheio ao que sucede naquele instante nos recantos da Terra ou no círculo de amigos. A comunicação contínua transforma cada qual em consumidor viciado de informações, passivamente dominado pela necessidade premente de receber e enviar mensagens, de falar ao celular, de visualizar enquanto almoça ou janta o écran da televisão (...) Brota a sofreguidão pelo recém ocorrido, de que se é inteirado de imediato, sem espaço para reflexão ou a dúvida”.
         “A consequência está na perda da individualidade diante do predomínio do coletivo graças à massificação da informação contínua, que formata sem juízos críticos uma mentalidade única, com distinções apenas tênues. A avassaladora prevalência do coletivo, no entanto, não proporciona o espírito comunitário, a solidariedade entre os homens, cada vez mais exclusivistas. Curiosamente, surge um individualismo sem individualidade: as pessoas restam sem identidade”.
         “A existência transcorre sem se formularem juízos de valor, sem imaginação, pois predominam o que se vê e os juízos de fato, por se afastar a construção de hipóteses. (...) substitui-se a qualidade das experiências pela quantidade das experiências”.
         “Passa-se, então, a fazer parte da opinião púbica, que não consiste na opinião de todos nem da maioria, mas a opinião construída pela mídia, especialmente rádio e televisão, que seleciona as matérias a serem veiculadas e, o mais importante, escolha a forma como elas serão veiculadas. Decidem os editores a tonalidade e os acentos a serem dados à notícia, sempre em busca do que efetivamente conta: o aumento da audiência”.
         “Formata-se, dessa maneira, um consenso artificial, uma opinião coletiva recepcionada sem questionamentos e sem avaliações. Imperceptivelmente, as pessoas são cada vez mais escravas dos meios de comunicação, ainda por cima com a internet, pois precisam deles, se alimentam deles, sentem-se órfãs ao estarem desconectadas. Vive-se com a mídia e pela mídia. Viver é estar plugado”.
         “(...) a nova cultura é a cultura da virtualidade real, em que predomina a televisão, esse meio frio de comunicação que se dirige a uma audiência preguiçosa, a um telespectador presidido pela lei do mínimo esforço, sem resistências em face do que lhe é transmitido. A televisão, devendo alcançar e satisfazer o maior número de pessoas, faz na programação um corte por baixo e define um raso denominador comum. Dessa maneira, ao buscar entreter, vale criar alarma, emocionar, estimular os aspecto sensoriais, facilmente apreensíveis, e apenas com raras exceções valorizar o senso crítico, a imaginação e a reflexão”.
         “Dá-se a mundialização dos costumes ao se uniformizarem comportamentos difundidos pelos meios de comunicação, do rádio à internet, em vista do que se enfraquecem a influência e a importância dos emissores seculares de valores e de ideais como a religião e as ideologias políticas”.
         “Cabe uma revolta do homem contra os dominadores insidiosos, para impedir a invasão constante de nossos domínios de exclusividade”.
         “Defensores da imaginação silenciosa, uni-vos”.
(Texto de Miguel Reale Júnior – Advogado, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Paulista de Letras. Foi ministro da Justiça. Artigo: Haydin ou BlackBerry – Jornal O Estado de São Paulo, 01.05.2010, A-2).

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Vale sofrer por Cristo


       “Se regozijaram por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” – At. 5.41
Os primeiros cristãos eram admirados pelos seus contemporâneos porque eram capazes de obedecer a Deus até às últimas consequências.
Eles obedeciam por que:
Valorizavam sua história religiosa: “O Deus de nossos pais” – eles se valiam da sua herança espiritual.
A história para eles era importante, pois indicava-lhes que não estavam seguindo uma novidade, mas algo que já fazia parte do seu repertório de vida.
Em Romanos 9.4-5 – Paulo nos chama a atenção para a grande riqueza espiritual, que a Igreja recebeu do judaísmo, e que agora faz parte do grande acervo da vida cristã: “Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas, deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!”
Estes cristãos reconheciam que estavam diante do novo e suas vidas se abriram e tiveram que se encaixar ao novo: “O Deus de nossos pais, ressuscitou a Jesus”.
Não existia pensamento mais revolucionário, até então.
O mesmo Deus que indicava Sua verdade de maneira simbólica, agora a cumpre literalmente, de modo a não deixar dúvidas em seus corações, pois eles haviam visto com os olhos e apalparam com as mãos e O reconheceram, isto é, não se tratava de uma miragem, mas lhes era real.
“O Deus de nossos pais, ressuscitou a Jesus” – era a vivificação da fé antiga que durante milhares de anos, animou o coração de todos os judeus. Nada podia ser comparado a esta mensagem que anunciavam.
“O Deus de nossos pais, ressuscitou a Jesus” – esta era a mensagem que dava vida nova àqueles primeiros cristãos, a ponto deles não medirem esforços para servirem a este Deus, que era o mesmo, que já conheciam.
Ainda que fossem açoitados e recebessem ordem para não viverem esta experiência de fé, para eles era motivo mais que suficiente para se regozijarem, porque os açoites davam a eles a certeza de serem filhos de Deus e isto aumentava sua autoestima: “regozijavam por terem sido considerados dignos de sofrer por esse Nome”.
Considerar-se digno de sofrer – é não desistir, nem desanimar, diante das dificuldades, por ser mais importante obedecer a Deus do que aos homens.
Quando resolvemos obedecer a Deus, logo enfrentamos dificuldades:
em pessoas, que se opõem ao nosso estilo de vida, de servir a Cristo, em tudo;
ao enfrentar tendências pessoais próprias do ego que não quer abrir mão de certos padrões de comportamento, ou de pensamento, porque nos dão certo conforto, e assim achamos que estamos evitando sofrer.
Nos acostumamos tanto a sermos como estamos que achamos que em nada podemos, nem precisamos alterar em nossa vida.
E, então, sofrer afrontas pelo Nome de Jesus é deixado para os mais religiosos, para aqueles que querem levar a vida religiosa mais profunda, e assim nos esquecemos que cada cristão é chamado para sofrer.
Jesus diz: “Quem quiser ser meu discípulo, todos os dias, tome a sua cruz, negue-se a si mesmo, e viva como Eu vivi”.
O discípulo verdadeiro não desiste e não se desanima, antes, ao contrário, as dificuldades que têm para tomar a cruz, que é carregar o peso do egoísmo e de confrontar-se com todos aqueles que tentam impedir que agrade a Deus que o ama, são compreendidos como motivos que o faz digno de sofrer pelo nome do seu Salvador.
Em que nos vemos dignos? Isto é, em que temos motivos para nos alegrar e regozijar? Qual deve ser o nosso prêmio como cristãos?
Em Mateus 5.11-12 – encontramos palavras que nos falam de que podemos ser repreendidos por sermos cristãos, quer dizer por vivermos como pessoas espirituais, isto é, quando vivenciamos mais os valores interiores da presença de Deus em nossa alma, do que quando agirmos como “velhos homens”, isto é, quando vivenciamos as práticas mais baixas da nossa natureza humana.
Podemos nos regozijar bastante, quando somos afrontados, porque isto é sinal de que somos dignos para sofrer o mesmo que nosso Senhor sofreu.
O salmista registra no Salmo 30.5 – que ele era digno de sofrer afrontas, pois estas duram apenas um momento, enquanto que a alegria, interpretada, por ele, como o favor do Senhor, “o Seu favor dura a vida inteira”.
Na linguagem poética, o salmista expressa que “ao anoitecer, o choro pode chegar para passar uma noite”, quer dizer, o choro, as afrontas e as dificuldades, nós as temos para passarmos por elas, durante um período, mas assim que o sol se levanta, elas terminam, o choro cessa, por mais doloroso que ele seja.
Assim, Jesus levou a Pedro a considerar-se digno de sofrer pelo Seu Nome - João 21. 15-17 – sofrer afrontas por Jesus é sinal de amor.
É como se Jesus dissesse: “Pedro, você demonstra que me ama de verdade, quando você não desiste de me seguir, como você fez quando me negou diante dos homens. Pedro me amar é me seguir até o fim, sem desanimar. E quem faz assim, pode se considerar digno de sofrer, por Mim”.