“Se regozijaram
por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” – At. 5.41
Os primeiros cristãos eram admirados pelos seus contemporâneos porque
eram capazes de obedecer a Deus até às últimas consequências.
Eles obedeciam por que:
Valorizavam sua história religiosa: “O Deus de nossos pais” – eles se
valiam da sua herança espiritual.
A história para eles era importante, pois indicava-lhes que não estavam
seguindo uma novidade, mas algo que já fazia parte do seu repertório de vida.
Em Romanos 9.4-5 – Paulo nos chama a atenção para a grande riqueza
espiritual, que a Igreja recebeu do judaísmo, e que agora faz parte do grande
acervo da vida cristã: “Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças,
a legislação, o culto e as promessas, deles são os patriarcas, e também deles
descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo
o sempre. Amém!”
Estes cristãos reconheciam que estavam diante do novo e suas vidas se
abriram e tiveram que se encaixar ao novo: “O Deus de nossos pais, ressuscitou
a Jesus”.
Não existia pensamento mais revolucionário, até então.
O mesmo Deus que indicava Sua verdade de maneira simbólica, agora a
cumpre literalmente, de modo a não deixar dúvidas em seus corações, pois eles
haviam visto com os olhos e apalparam com as mãos e O reconheceram, isto é, não
se tratava de uma miragem, mas lhes era real.
“O Deus de nossos pais, ressuscitou a Jesus” – era a vivificação da fé
antiga que durante milhares de anos, animou o coração de todos os judeus. Nada
podia ser comparado a esta mensagem que anunciavam.
“O Deus de nossos pais, ressuscitou a Jesus” – esta era a mensagem que
dava vida nova àqueles primeiros cristãos, a ponto deles não medirem esforços
para servirem a este Deus, que era o mesmo, que já conheciam.
Ainda que fossem açoitados e recebessem ordem para não viverem esta
experiência de fé, para eles era motivo mais que suficiente para se
regozijarem, porque os açoites davam a eles a certeza de serem filhos de Deus e
isto aumentava sua autoestima: “regozijavam por terem sido considerados dignos
de sofrer por esse Nome”.
Considerar-se digno de sofrer – é não desistir, nem desanimar, diante
das dificuldades, por ser mais importante obedecer a Deus do que aos homens.
Quando resolvemos obedecer a Deus, logo enfrentamos dificuldades:
em pessoas, que
se opõem ao nosso estilo de vida, de servir a Cristo, em tudo;
ao enfrentar
tendências pessoais próprias do ego que não quer abrir mão de certos padrões de
comportamento, ou de pensamento, porque nos dão certo conforto, e assim achamos
que estamos evitando sofrer.
Nos acostumamos tanto a sermos como estamos que achamos que em nada
podemos, nem precisamos alterar em nossa vida.
E, então, sofrer afrontas pelo Nome de Jesus é deixado para os mais
religiosos, para aqueles que querem levar a vida religiosa mais profunda, e
assim nos esquecemos que cada cristão é chamado para sofrer.
Jesus diz: “Quem quiser ser meu discípulo, todos os dias, tome a sua
cruz, negue-se a si mesmo, e viva como Eu vivi”.
O discípulo verdadeiro não desiste e não se desanima, antes, ao
contrário, as dificuldades que têm para tomar a cruz, que é carregar o peso do
egoísmo e de confrontar-se com todos aqueles que tentam impedir que agrade a
Deus que o ama, são compreendidos como motivos que o faz digno de sofrer pelo
nome do seu Salvador.
Em que nos vemos dignos? Isto é, em que temos motivos para nos alegrar e
regozijar? Qual deve ser o nosso prêmio como cristãos?
Em Mateus 5.11-12 – encontramos palavras que nos falam de que podemos
ser repreendidos por sermos cristãos, quer dizer por vivermos como pessoas
espirituais, isto é, quando vivenciamos mais os valores interiores da presença
de Deus em nossa alma, do que quando agirmos como “velhos homens”, isto é,
quando vivenciamos as práticas mais baixas da nossa natureza humana.
Podemos nos regozijar bastante, quando somos afrontados, porque isto é
sinal de que somos dignos para sofrer o mesmo que nosso Senhor sofreu.
O salmista registra no Salmo 30.5 – que ele era digno de sofrer
afrontas, pois estas duram apenas um momento, enquanto que a alegria,
interpretada, por ele, como o favor do Senhor, “o Seu favor dura a vida
inteira”.
Na linguagem poética, o salmista expressa que “ao anoitecer, o choro
pode chegar para passar uma noite”, quer dizer, o choro, as afrontas e as
dificuldades, nós as temos para passarmos por elas, durante um período, mas
assim que o sol se levanta, elas terminam, o choro cessa, por mais doloroso que
ele seja.
Assim, Jesus levou a Pedro a considerar-se digno de sofrer pelo Seu Nome
- João 21. 15-17 – sofrer afrontas por Jesus é sinal de amor.
É como se Jesus dissesse: “Pedro, você demonstra que me ama de verdade,
quando você não desiste de me seguir, como você fez quando me negou diante dos
homens. Pedro me amar é me seguir até o fim, sem desanimar. E quem faz assim,
pode se considerar digno de sofrer, por Mim”.
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