domingo, 26 de maio de 2013

Substâncias químicas e religião

A experiência com substâncias químicas que levam a um tipo de experiência religiosa me chama a atenção que se trata de uma abertura à dimensão espiritual, um meio de vivenciar a "função transcendente", conforme a psicologia analítica de C. G. Jung, mas que pode ser fruída sem nenhuma substância, pois esta pode levar a um contato com o absurdo, que é parecida com a do absoluto, com a qual devemos tomar cuidados, e não é necessária, ainda que pareça que nos leve a perceber a sua realidade. 
O mais importante disso tudo é que tal "função" é algo interno, e não externo, não vem de fora para dentro, mas se quisermos que permaneça, precisamos vivenciá-la de dentro para fora. 
Parece-me que se trata de uma experiência com a "psique" e da "psique", pois só através da alma é que podemos estabelecer que Deus age sobre nós, daí a conclusão de que passamos por alguma alteração em alguns de seus valores de vida. 
Jung afirma: "Pode ocorrer facilmente que um cristão que acredita em todas as figuras sagradas seja ainda subdesenvolvido e imoto no mais profundo de sua alma porque ele tem 'Deus todo do lado de fora' e não o experienta na alma. Seus motivos decisivos, seus interesses e impulsos dominantes não vêm da esfera da cristandade, mas da psique inconsciente e subdesenvolvida, que é tão pagã e arcaica como sempre... Sua alma está fora de compasso com suas crenças externas... Sim, tudo deve ser encontrado fora - em imagem e em palavra, na Igreja e na Bíblia -, mas nunca dentro" (Psicologia e Alquimia, par. 11-12).
Para a religião institucionalizada é uma experiência reprovável, mas o mais importante é que se tratou de uma descoberta que, provavelmente, a Igreja não favorece, devido a manutenção de um casulo vazio, de onde, há muito tempo, a "borboleta" já saiu.
Talvez pela primeira vez,percebamos que a relação com Deus é subjetiva e pessoal, e para que esta provoque as alterações que sentimos como necessidades em nossa história pessoal não precisa ser intermediada por nada, nem pela religião institucional, nem também por alguma substância química.
Não é fácil manter esta experiência pessoal à salvo da força dogmática presente no âmbito religioso, e também, acadêmico. É necessário um esforço moral na sua preservação e cultivo, pois se trata de uma "descoberta" de que Deus é imanente, e encarnado em nossa natureza, e não "Totalmente Outro" como afirmam as religiões.
"Jung concluiu que Deus age fora do inconsciente e força os seres humanos a harmonizar as influências opostas às quais a mente é exposta pelo inconsciente. O inconsciente quer cair na consciência para alcançar a luz. E ele afirmou que, buscando a unidade, podemos sempre contar com a ajuda de Deus" (Dyer, D. R. Pensamentos de Jung sobre Deus. p. 70).
Esta opinião de Dyer é muito importante: Deus nos ajuda a conciliar inconsciente e consciência, pois só assim podemos perceber que Deus está dentro de nós, e nunca esteve fora, ou como afirma Jung: 'Deus se torna manifesto no ato humano da reflexão".
Por isso, e muito mais, fique em paz, transforme o acontecimento de ter experimentado o chá em experiência de vida que pode levá-la a uma necessária transformação de valores, que só você sabe que verdadeira e realmente, precisa.

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