Lucas 15.1-3, 11-32 – nos conta a Parábola do Pai que gastou todo seu amor ao filho que
retornou à sua casa; mas, pode ser entendida como uma ilustração do povo de
Israel que saiu do Egito e chegou à terra da Canaã.
1. O filho em
terra distante, na qual padeceu fome e sofreu necessidades – vs. 13-14, ilustra
o povo de Israel que no Egito passou por grandes necessidades;
2. Na terra
distante, um dos cidadãos daquela terra, mandou o rapaz, guardar os porcos –
trabalho humilhante, realizado apenas por escravos – vs. 15, isto é muito
semelhante à vergonha ultrajante da escravidão que Israel sofreu no Egito;
3. Aquele filho
não recebeu nada dos habitantes da terra, ilustra muito bem o tratamento
recebido por Israel, durante os 400 anos que vivera no Egito;
4. Sua oração –
vs. 17-19, ilustra o clamor dos filhos de Israel, que gemiam e clamavam devido
ao sofrimento;
5. No vs. 20, diz
que o moço levantou-se e foi para seu pai, representa a imagem da saída do povo
do Egito e seu retorno à terra de Canaã;
6. O vs. 20 ainda
nos diz: “Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele,
correndo o abraçou, e beijou” – é como se Jesus se referisse às atitudes
tomadas por Deus ao libertar o Seu povo do Egito, levando-o à terra que mana
leite e mel, que simboliza o seu abraço e beijo, seu cuidado amoroso, atendendo
cada uma das suas necessidades;
7. Os vs. 22-24,
faz referência ao Pai que providenciou ao filho - “a melhor roupa, pôs em seu
dedo um anel e calçou-o com sandálias, mandou matar o novilho cevado e o
comeram e, regozijaram-se porque seu filho que estava morto, reviveu, que
estava perdido, foi achado”, ilustrando ao que lemos em Josué 5.9 – “Hoje,
removi de vós o opróbrio do Egito”. Assim como fez o pai ao seu filho, Deus
também pôs fim às necessidades do povo de Israel: de escravos passaram a ter
uma condição digna de vida; de humilhados passaram a ser o centro de todas as
atenções – o povo-filho foi resgatado.
O novilho cevado
que o filho comeu naquele dia em companhia do pai foi a páscoa que os filhos de
Israel comeram quando saíram do Egito. E, o regozijo do pai pelo retorno à sua
casa do seu filho mais novo, ilustra bastante bem, que depois que os filhos de
Israel chegaram à sua terra de Canaã, comeram lá das suas novidades;
8. Mas, e o filho
mais velho, que estivera no campo e ao aproximar-se da casa, ouviu a música e
as danças, e ficou indignado e não quis entrar, além de responder ao pai, que
ele sim, o servia a tantos anos sem jamais ter desobedecido uma ordem sequer,
enquanto que ele estava desperdiçando seus bens com alguém, seu irmão, que não
merecia nada, é semelhante a quê? – vs. 25-30.
1. Se refere às
nossas atitudes, pois apesar de Deus ter feito tudo por nós, ainda assim
vivemos como se estivéssemos no Egito;
2. Ilustra nossa
atitude, de apesar sabermos que Deus ouve nossos clamores, ainda assim não
clamamos por Ele;
3. Fala a
respeito de nossa atitude, que apesar de Deus tomar as providências, às vezes
as mais espantosas, para nos livrar de nossas necessidades, ainda assim achamos
que é pouco e, que mereceríamos que Ele fizesse algo maior do que tem feito, só
porque somos nós, enquanto que para os outros, Deus é melhor do que para nós;
4. Se refere à
nossa atitude, de permanecermos no lugar que estamos, e de não querermos nos
levantar e ir ao encontro do Pai, e assim mesmo, querendo que aconteça um
êxodo, uma mudança de vida, porém desde que tudo continue da mesma maneira,
porque nos acostumamos ou nos adaptamos tanto ao estado que nos encontramos que
não queremos voltar ao Pai, porque para o êxodo acontecer, temos de mudar
interiormente, e qualquer mudança interior a entendemos como desconfortável,
que segundo a parábola trata-se do “cair em si”. E, nos recusamos a “cair em
si”, e ficamos indiferentes à nossa situação espiritual ainda que continuemos
gemendo e gritando de fome;
5. Ilustra,
ainda, nossa atitude para com o próprio Deus, que mesmo tendo apressadamente
tomado todas as providências, e todos os dias se compadece de nós, corre ao
nosso encontro, abraça-nos e beija-nos, e ainda assim, O desprezamos, achando
que merecíamos muito mais; que o que Ele faz é muito pouco, então, por que dar
tudo para um Deus que faz tão pouco?;
6. Fala a
respeito de nossa atitude quando não percebemos que o maná, que era o alimento
provisório, é substituído pelas novidades da terra de Canaã, isto é, vivemos
como se as coisas antigas ainda não tivessem passado, que Deus continua nos
tratando segundo nossas transgressões, e não segundo a reconciliação que
resolveu fazer conosco, nos tratar como filhos, não mais como escravos. Isto
significa que, às vezes, nos relacionamos com Deus mais por medo que por amor,
ao invés de gozarmos plenamente a liberdade de leis, regras e preceitos, que
nos massacram e tiram nossa alegria, porque nos impõe medo e pavor;
7. Se refere à
nossa ingratidão para com Deus que nos ama mesmo quando não cumprimos Suas
ordens, pois Ele não estabelece condição alguma para nos amar, ao contrário,
nós sim que estabelecemos condições para Ele nos amar;
8. Contudo, a
parábola nos propõe que nos identifiquemos com o filho mais novo, pois nós
também somos como ele:
1. Assim como
ele, precisamos aprender que as situações que nos fazem sofrer e gemer são
precisamente aquelas que nós mesmos criamos, devido às nossas fraquezas, pois
carregamos em nós o “cidadão que nos manda guardar seus porcos”, e isto significa
que precisamos nos conscientizar que não passam de “porcos” as fraquezas que
nos humilham, mas que precisam de nossa atenção e cuidado, pois se
negligenciarmos nossas fraquezas, nós morremos;
2. Apesar de ser
muito humilhante assumirmos que temos “fraquezas”, é melhor assumirmos esta
condição, e apresentarmos cada uma delas, em clamor e gritos Àquele que segundo
o Salmo 34:
livra-nos de
todos os nossos temores – vs. 4;
ouve nosso clamor
aflito e nos livra das tribulações – vs. 6, 17;
tem Seus olhos
voltados para nós e ouvidos estão abertos ao nosso clamor – vs. 15;
mesmo que as
aflições sejam muitas, de todas Ele nos livra – vs. 19;
nosso Deus nos
resgata nossa alma – vs. 21;
3. O filho mais
novo viveu intensamente as palavras do Apóstolo Paulo – II Coríntios 5.17-21 –
ao voltar à casa do pai ele se reconciliou com seu pai, isto é, ele
experimentou uma alteração interior, já não era mais aquele que havia saído de
casa, passou a ser uma nova pessoa por dentro, “se alguém está em Cristo, é
nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”;
4. Por tudo que
passamos: sendo escravos do egoísmo, tão cheios de nós mesmos, temos de sentir
que precisamos experimentar uma mudança por dentro, para comermos as novidades
da terra de Canaã, da festa do Pai;
5. Precisamos
saber que enquanto permanecermos em nossa própria miséria, além de passarmos
fome, não há alguém que possa nos dar alguma coisa. Ou seja, se não tomarmos
uma atitude por nossa própria conta, ninguém fará por nós. Por melhores que
sejam nossos amigos, familiares, ou qualquer recurso que possamos ter:
dinheiro, prestígio, moral, sucesso, bens, confissão religiosa, etc, mas, se
não tivermos vontade para sairmos da situação que nos encontramos, escravizados
pelas nossas fraquezas, nada virá ao nosso encontro. Temos que “cair em nós
mesmos”, isto é, refletirmos, considerarmos sincera e seriamente nossa real
condição, e com vontade clamarmos a Deus que vem ao nosso encontro correndo,
com paciência, e nos recebe de braços abertos e quer nos beijar, porque nossa
estrutura é pó;
6. A mudança
interior que precisamos que aconteça em nós é nos entregarmos aos abraços e aos
beijos do Pai, isto é, vivermos plenamente a liberdade para a qual o Senhor nos
chamou. A liberdade não substitui a obediência, ao contrário, a liberdade para
a qual o Senhor nos chama a vivermos diariamente é para justamente não mais
ficarmos cultivando o pensamento dominado pelas nossas fraquezas, mas
confiarmos ao Seu amor, caso caiamos em nossas fraquezas;
7. A liberdade
não é para fazer com que o escravo faça o que bem entende, mas sim que pelo
cuidado amoroso que o Senhor dispensa a nós, nós O amemos, nos relacionemos com
Ele como filhos;
8. O filho não é
escravo. O escravo teme o seu senhor, o filho procura imitar o pai. O escravo
espera receber alguma coisa do seu senhor, o filho desfruta dos bens do pai,
porque é tudo dele. O escravo cumpre ordens, o filho se alegra com a presença
do pai que lhe diz: “Meu filho, tu sempre estás comigo”. O escravo sabe que
nunca será filho, o filho vive tranquilo e por isso pode se alegrar porque
ainda que saia de casa, ao voltar, continua filho, não perde jamais esta
condição e, portanto, mesmo sabendo disso, não deseja isso para sua vida,
porque seu pai é sua alegria e regozijo, nada pode substituir o abraço e o
beijo do pai;
9. Você é uma
“nova criatura”, isto é, você tem uma nova vida por dentro, quando você se
relaciona com o Pai, com liberdade e amor e não com temor e insegurança que nos
leva a querermos barganhar o seu amor, que nos dá com liberalidade incondicional.
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